O setor de transporte de cargas no Brasil enfrenta um desafio que se acentua a cada ano: a escassez de motoristas profissionais. Estudos recentes apontam que a redução de caminhoneiros no mercado, aliada ao envelhecimento da categoria, representa um dos principais entraves para a eficiência logística nacional.
Esse cenário coloca em evidência a necessidade de estratégias inovadoras para atrair e qualificar novos profissionais, com destaque para a crescente participação de mulheres no segmento.
Em meio a esse contexto, a atuação de Rose Fassina, a primeira mulher a assumir a presidência do Sindicato das Empresas de Transporte Comercial de Carga do Litoral Paulista (SINDISAN), ganha relevância não apenas pela representatividade, mas pela capacidade de articular respostas concretas aos problemas que afetam o transporte rodoviário. Sua liderança simboliza uma mudança cultural em um ambiente tradicionalmente dominado por homens e traz um novo olhar sobre a inclusão como fator de fortalecimento do setor logístico.
A falta de motoristas qualificados é apontada por empresas e entidades do setor como um dos maiores desafios do transporte rodoviário de cargas no Brasil. Pesquisa da Confederação Nacional do Transporte (CNT) mostra que cerca de 65% das empresas relatam dificuldade para contratar motoristas, refletindo uma tendência de redução de profissionais ativos que compromete a operação eficiente das cadeias produtivas.
Para enfrentar esse cenário, iniciativas como o Programa Mais Motoristas, coordenado pelo SEST SENAT em parceria com sindicatos e empresas do transporte, têm ganhado destaque. O programa, lançado em 2023, visa ampliar a oferta de motoristas profissionais por meio da cobertura total dos custos de mudança de categoria da Carteira Nacional de Habilitação (CNH) e a capacitação na Escola de Motoristas Profissionais.
Somente em 2024, mais de 55 mil pessoas se inscreveram na iniciativa, demonstrando o interesse e a necessidade de iniciativas que facilitem o acesso à habilitação profissional e ofereçam qualificação para atuar no transporte rodoviário.
O programa também já convocou dezenas de milhares de participantes para formação e mudança de CNH, com o objetivo de responder à forte demanda do mercado.
Na visão de Rose Fassina, a atuação de mulheres no setor não apenas amplia o universo de talentos, mas pode também ser um diferencial competitivo em um momento de escassez de mão de obra masculina e necessidade de inovação. “A integração de mulheres no transporte representa uma oportunidade de ampliar o pool de profissionais qualificados, além de trazer perspectivas diversificadas para a gestão e operação das empresas”, afirma a presidente do SINDISAN.
Para Rose Fassina, o fortalecimento de iniciativas que incentivem a formação de motoristas e apoiem a entrada de novos profissionais, independentemente do gênero, é fundamental para superar gargalos logísticos e responder às necessidades de um setor que mantém o país em movimento. A falta de motoristas não compromete apenas a entrega de cargas, mas impacta diretamente custos, prazos e competitividade do Brasil nos mercados interno e externo.
Além de qualificação técnica, a iniciativa busca atrair novos perfis para a profissão, contribuindo para a renovação da mão de obra e oferecendo oportunidades para jovens e outros grupos ainda pouco representados, como as mulheres. Programas de formação como a Escola de Motoristas Profissionais incluem treinamento em segurança, condução econômica e relações interpessoais, proporcionando uma base sólida para a atuação no transporte rodoviário.
Enquanto o setor logístico segue em transformação, a combinação entre lideranças que rompem paradigmas e políticas de formação profissional robustas aponta para um novo momento na história do transporte de cargas brasileiro. A inclusão de mulheres, unida a esforços para qualificar novos motoristas, mostra-se uma resposta estratégica à escassez de mão de obra e uma aposta na modernização e sustentabilidade do setor como um todo.
Acompanhe a entrevista completa no canal do Integração 5.0 no YouTube.
Fonte: Jornal Portuário




