A necessidade de um estacionamento para caminhões na região portuária é um reflexo do aumento da circulação de veículos de carga pesada no cais santista. Os constantes recordes na produção de gráos que o Brasil vem conquistando ocasionaram uma maior movimentação dos modais do transporte devido, obviamente, ao aumento das exportações destes gráos. Com estes índices, o Porto de Santos, o maior da América Latina, se tornou o principal pólo de escoamento dos produtos do Brasil. Mas a região da Baixada Santista, ao longo dos últimos anos, não foi preparada com uma infra-estrutura adequada para suportar este impacto. Empresários que atuam no setor atribuem as consequências atuais á falta de investimentos e incentivos dos vernos Federal e Estadual. A falta de infra-estrutura no Porto de Santos não é o único gargalo que provoca os congestionamentos na região. Os transtornos registrados na área portuária fazem parte de várias falhas do processo logístico, desde a armazenagem. As coisas são muito mais complexas do que se imagina e começam bem antes de a carga chegar aqui na Cidade. O problema não se origina em nossas vias, mas se agrava aqui por diversos fatores", explica o vice-presidente do Sindisan, Vicente Aparácio Moncho. Ele exemplifica com o que acontece com os produtores de gráos que, por não contarem com silos, que permitiriam o armazenamento da carga até o momento adequado para embarque, enviam a safra agrícola para exportação após a colheita. "Eles transformam os caminhões e trens em armazéns. Se a logística começasse lá na produção, haveria um maior equilíbrio na hora de embarcar. As cargas chegariam ao Porto de Santos conforme a demanda. A bomba estoura aqui por falta de planejamento", ressalta Moncho. "Outro obstáculo que contribui para a efetiva desordem no cais santista é o das péssimas condições das estradas em todo o Brasil", acrescenta. A carência de uma logística eficiente tem provocado congestionamentos desastrosos em todo o complexo portuário. Desde o início deste ano, foram constatadas paralisantes no tráfego quase que diariamente. Em 1º de março, o enguicho de um trem na altura do Valon, ocasionou um congestionamento nos dois sentidos (Santos/São Paulo e São Paulo/Santos) que se estendeu até na Alemoa. O trecho que os veículos geralmente percorrem em até 20 minutos se transformou em um lon desafio que durou mais de três horas. Os carros e caminhões ficaram parados sem ter alternativas para sair do congestionamento.